O Brasil perde quase 270 bilhões de reais por ano por causa de congestionamentos. É um tempo improdutivo gasto pela força de trabalho, que passa em média três horas por dia se deslocando até o trabalho. Só em São Paulo, de acordo com um estudo divulgado recentemente pelo Ibope Inteligência, são 2 horas e 43 minutos por dia. E isso acarreta em outra consequência: também de acordo com a pesquisa, 44% dos paulistanos têm ou já tiveram problemas de saúde relacionados à poluição.
Não à toa, 81% dos trabalhadores sonham em trabalhar de casa, o que demonstra não só uma disponibilidade para adotar o modelo, mas um desejo real de mudança.
O modelo de trabalho home office traz três “ganhos”, se pensarmos no famoso termo “win-win”, ou “ganha-ganha”, muito utilizado pelo mercado para avaliar opções. Para a empresa, há economia com facilities, manutenção, estrutura. Para os funcionários, há melhora na qualidade de vida e diminuição do estresse, visto que o tempo que antes era gasto em deslocamento pode ser revertido para a família, o lazer ou mesmo em horas a mais de sono. E, para a sociedade, há uma melhora nas vias e no transporte público.
Diante disso, surge a dúvida: falar em home office já é realidade, ou não passa de um sonho dos trabalhadores? A resposta é que o modelo tem se tornado cada vez mais possível, especialmente graças à tecnologia. Entretanto, muitas empresas ainda erram ao implementá-lo. Há três formas mais comuns adotadas pelas empresas que experimentam a transição:
MODELO ESPARTANO
Como o nome sugere, é algo feito “na raça”. O colaborador usa seu próprio computador e instala softwares da empresa na máquina pessoal, acessa a rede corporativa e utiliza o sistema de CRM. Os riscos para a segurança da informação são grandes: um funcionário pode infectar toda a rede com vírus e copiar dados sigilosos, por exemplo. O departamento de TI dificilmente consegue analisar cada um dos devices não-autorizados, criando um ambiente heterogêneo que pode prejudicar toda a operação da empresa.
Nem sempre um mesmo software roda bem em máquinas diferentes. No modelo espartano, não é possível cobrar um funcionário por ter uma máquina não tão performática quanto a dos outros. Finalmente, há falta de controle sobre quem trabalhou, se está trabalhando, além de pouca estabilidade operacional. Com todos esses entraves, não se pode esperar que o computador e o colaborador operem 100% durante toda a jornada.
TROCA INEFICIENTE
Neste modelo, a empresa compra os computadores e entrega para cada pessoa trabalhar de casa. Devices autorizados melhoram o panorama se comparado ao modelo espartano, mas ainda assim existem inúmeras falhas. A principal delas é em relação à logística e à manutenção. Se a máquina estragar, quem fica responsável pelo conserto? E como manter todos os softwares atualizados? Ou mesmo garantir que a máquina não seja utilizada para outros fins quando o expediente acabar? Embora corrija os problemas de homogeneidade no trabalho, a troca acaba sendo ineficiente, pois não elimina outros riscos (como o de segurança da informação), cria novas falhas e gera prejuízos financeiros.
ADOÇÃO DE TECNOLOGIA VDI
Quando a empresa trabalha com máquinas virtuais, o ambiente será o mesmo para todos os funcionários, independentemente do computador utilizado. Os funcionários acessam a rede por meio de login e senha e executam todas as operações no data center. Mesmo que o computador tenha pouca memória, o que importa é a configuração da VDI.
Ao adotar essa tecnologia, é possível estabelecer configurações de segurança, entre as quais impedir a cópia de informações da máquina virtual para a local. Também é possível controlar o que é executado no sistema e registrar as horas trabalhadas e as pausas de cada funcionário, respeitando o que diz a legislação.
Se for necessário atualizar algum software, o departamento de TI opera no ambiente virtual, o que será automaticamente replicado para todos os funcionários. E, se um computador quebrar, é só logar em qualquer outra máquina e continuar trabalhando normalmente.
Esse é o único modelo eficiente para implementar home office, pois permite que a estratégia funcione de forma consistente e sustentável no longo prazo. Só assim todos os benefícios serão observados. Afinal, não adianta deixar toda a equipe remota e, pouco tempo depois, trazer todo mundo de volta para o escritório porque as máquinas estão obsoletas ou, ainda, porque os gestores não confiam no modelo.